Um cupinzeiro é casa. Casa habitada, casa cheia. Casa construída por muitos. Eu e esta casa, tantas semelhanças.
Terra e fluidos, também os sou. Labirinto de passagens interiores, controle de ar, temperatura, umidade... Também os tenho, também os sou. Casa de asas. Com todas as potências, de cuidar e destruir. Também as sou. Vidas que circulam, calculam, intuem, constroem. Casa de múltiplas vidas, que me habitam, me transitam, me atravessam. Assim sou. E os cupinzeiros, também os são.
No tempo que mora o agora, nossa casa se faz ainda mais valorosa. Mais habitada. E nós, cada vez mais casas de nós mesmos, forte habitação. Sou mulher. Corpo casa. Casa de mim, me habito sem pausa.
Neste autorretrato, traduzo um encontro de casas, distintas e tão semelhantes, abraço esta casa e a casa que sou. Torta, com cicatrizes, bela e doída de mim. Fervilhante. Em busca do equilíbrio perfeito para o funcionamento. Assim como os cupins.
Bárbara Vieira
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